sexta-feira, 30 de março de 2012

Maresia ....



Não havia espelho na barraca. Nenhum, nem desses pequenos, de bolsa. E eu sentia minhas que minhas pernas cresciam, exibidas no short de bolinha.
A Bete saiu, ainda me perguntou: "Você não vem?" Inventei que ia pentear o cabelo, qualquer bobagem. O que queria mesmo era chorar. A camiseta era larga - tudo bem. O tênis escondia aquele pé redondo, horroroso. E as pernas? O que a gente faz com pernas, se está de short?
Sempre me falaram que quando a gente não é bonita tem de ser inteligente. É bem mais fácil ser bonita, é verdade: era só olhar a Marinha, ou a Renata - elas podiam ter acabado a aula de Educação Física, elas chegavam debaixo de chuva na escola, tomavam sorvete escorrendo pelo queixo - e continuavam bonitas. Eu? Ah! Três horas de cabeleireiro, quilômetros de butique e a roupa caía mal, o cabelo continuava espetado.
E gorda. Isso sim, era o pior de tudo no mundo. Eu enchia a bochecha pra falar: goooorda. A própria palavra "gorda", redonda, imensa, me encarando e acusando dentro do espelho. Era isso, dona Gabi: quinze anos, 1,62m, e i peso... nem dava pra falar.
E se a gente é feia, tem de usar outro truque. Pelo menos, o que sempre me falaram: ser inteligente. Primeira aluna da classe. Interesse por leitura, jornal. Fazer os trabalhos mais criativos, participar do Grêmio do colégio. O que também acabava trazendo as coisas chatas: recitar poesia no 7 de Setembro; representar os alunos em festa da Diretoria; ser exibida pela mãe como um bicho raro e no meio da festa atacar de poesia nos convidados.
Não, eu não queria ser assim. Talvez apenas quisesse ser bonita. Isso, eu achava impossível. Ou quisesse ser feliz. E pra dizer a verdade, com quinze anos, sem namorado, muitas aulas, uma mãe que insistia em me tratar como criança, minha maior felicidade seria um sundae cheio de frutas e caramelo.
Até o dia do piquenique. Foi o Chen que me procurou, dizendo que a turma tinha resolvido ir á praia no domingo. O piquenique. A praia. Meus amigos. E as pernas de fora, noshort.
Dentro da barraca, o calor era maior. Uma sauna. Senti que logo, logo ia estar com aquela mancha de suor debaixo do braço. Dona Gabi. Deixa de onda!! São seus amigos, todo mundo sabe que você é gorda. E nem ligam. Gostam de você mesmo sendo gorda, e daí? Ataquei um canto da unha do mindinho e puxei com os dentes. Ainda essa, voltar a roer unha? Já não havia largado o vício?
Todo mundo te conhece. Todo mundo. Mas ele não.
Foi uma guerra convencer a mãe e as mães dos amigos. Afinal, éramos oito gatinhos e gatinhas solitários, dia inteiro numa praia deserta. Claro que não íamos dormir fora, qualquer sugestão nesse sentido mataria alguns familiares do coração. Mas só o fato de que estaríamos so-zi-nhos... Nosso grupo. Éramos amigos, o pessoal que fazia uma revista literária na escola, os mais inteligentes, os mais legais...
Mas ele também foi. Era o que dirigia um dos carros, aliás. Primo da Judite, tinha feito 18 anos, estava no cursinho. Lindo. Não me lembro de ter visto alguém tão bonito - com o corpo atlético, loiro, até os pelinhos das pernas eram loiros. Ele dirigiu até Caraguá de short, e naquele sufoco de quem senta aqui e ali, eu sobrei bem do seu lado, no banco da frente.
E agora. Todo mundo rindo e brincando, do lado de fora. A barraca parecia banho turco - não vou sair. Não vou. Nem que a Judite, o Chen, a Rogéria, o Carlos venham pedir. Nem que...
-Você não vem mais, Gabi? Eu queria tirar fotografia.
Era ele. Sorriso e olhos brilhantes. Avermelhei inteira, acho que as minhas coxas também ficaram "ruborizadas", como aparece nos textos de literatura. Se é que isso é possível! Mas ficaram. E ele me colocou a mão no ombro, quando saímos da barraca, e eu fui andando feito um fantasma, como se meu corpo tivesse ficado em alguma outra parte do universo, até o grupo de amigos fazendo pose pra foto.
Apesar do sol, a água ainda estava muito gelada. Só o Júlio - mas o Júlio é exibido! - se atreveu a tirar a camisa e correr para o mar, voltando arrepiado. Eu me ofereci pra fazer os sanduíches. E ele veio ajudar. Senti que os olhos dele vinham mais para mim do que para a maionese, mas que coisa! Ele não via que todas as garotas lá eram bonitas, eram magras, por que ele precisava me vigiar assim?
Estendi o pão com maionese para ele, seus dedos encostaram nos meus e lá se foi o pão melecado misturando-se na areia.
-Pão com areia não dá! Deixa que eu jogo fora.
Ele devia estar percebendo tudo. Eu suava, meu cabelo grudando na testa. Finalmente, apareceu a Rogéria pra me ajudar e o Chen pegou o violão.
Eram umas quatro da tarde, barriga cheia e muito papo depois, quando o Júlio sugeriu um passeio. A maioria preferia a preguiça de olhar o céu e aquele mar exibido no seu azul. Carlos disse que ia junto. Ele também se levantou. Olhou para mim:
-Você não vem?
Fomos. E era engraçado, nossos passos indo devagar, num ritmo parecido, nossos cabelos mexidos pelo vento. Júlio e Carlos, parecendo dois moleques, se jogando areia e ameaçando dar tapa um no outro. Nós não: éramos - o que era muito, muito estranho - um casal. E meu coração foi-se acalmando, nossas mãos tão perto uma da outra. O pessoal bem longe, apenas nossa barraca, explodindo no seu vermelho, a praia sendo só da gente.
Júlio lembrou que seu time estava jogando. Carlos lembrando que o rádio do carro estava jóia. Voltaram correndo e se estapeando até a barraca. Agora sim. Apenas eu e ele.
Suspirei fundo. Se não se é bonita que se seja inteligente. Ia começar a falar: procurei na memória o assunto mais, mais interessante, a frase mais, mais inteligente - sobre o que? Música, arte, política? A eleição pra prefeito? O novo disco do Arrigo Barnabé?
O beijo. Fiquei  de olho arregalado, assim sentindo o cheiro de sua pele, os braços dele em volta de mim. E depois do susto, meu coração começou foi a bater mansinho, num ritmo parecido com o dele, e veio outro e outro beijo.
-Por que eu? -  algo assim eu comecei a dizer quando fomos voltando de mãos dadas, para a barraca. - Tanta menina bonita, vai dizer que eu...
O sorriso dele vinha muito divertido. As sombras da gente, compridas, com as mãos dadas. O sol, que era uma moeda pegando fogo, já se encostando na água.
-Vamos dizer que eu adoro menina de perna grossa. Assim você fica contente?
E demos outro e mais outro beijo, antes de encontrarmos o pessoal e antes que aquela tarde maravilhosa
terminasse.


Retirado do livro: "Eu te gosto, você me gosta".
Marcia Kupstas.... "Maresia

terça-feira, 6 de março de 2012

Invisivel pra voce....

Por mais que eu me esforce , é isso que pareço ser.......
                                                                                    (Julie e os fantasmas)

  Boa noite blogers!!!!(ou bom dia neh )
Queria falar sobre algo que muitoss  ja sentiram alguma ou varias vezes na vida...Aquela sensação de que ninguem te nota ,ninguem ve o que voce  faz de bom ou que voce muito menos existe....Aquela sensaçao de ser invisivel...
  Dificil lidar com isso neh ainda mais quando voce quer ser notada pelo seu esforço ou até mesmo pela aquela pessoa especial ...
 Mas nao se preocupe  voce nao é o unico ,(voce nao é o unico forever alone  do mundo hahaha tamo junto) isso passa ...Continue fazendo e mostrando o que tem de melhor e é bom tirar da cabeça que a unica intençao é agradar os outros ou aparecer...Faça por voce,foque em algo que queira expressar ,colocar pra fora ....na verdade esse momento meio down até ajuda porque assim voce ira buscar dentro de si ser cada vez melhor e acabara se expressando melhor...
   Sei que nao é facil...principalmente pra quem é timido (como eu ) mas pelo menos colocar td que vc é e pensa pra fora de algum jeito faz muito bem e existem varios meios ; eu por exemplo escrevo ,outras pessoas fazem musica e etc...
  Bom em fim nao desanime ...Keep going !!!! fazendo seu melhor e um dia será admirado....

Bjsss boa semana =)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Depressão?? #1

                                                                                                                                                                                   por Facundo Cabral
                    
      Não estás deprimido, estás distraído …
…Distraído em relação à vida que te preenche,
Distraído em relação à vida que te rodeia,
Golfinhos, bosques, mares, montahas, rios.

Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem
cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só.

Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me… o que é fundamental para viver.

Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin
com uma maesria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.

Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça,
portanto não és dono de coisa alguma.

Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas… alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições...

Beijinhoss ♥

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lean on me

Algumas vezes na vida todos nós sofremos
Nós todos temos tristezas
Mas se formos espertos
Sabemos que sempre existe o amanhã


Se apoie em mim, quando você não se sentir forte
E eu serei seu amigo
Eu te ajudo a atravessar isso
Porque não vai demorar
Até eu precisar
de alguém pra me apoiar


Por favor engula seu orgulho
Se eu tenho coisas que você precisa emprestadas
Porque ninguem pode preencher suas necessidades
Se você não as mostrar


Então é só me chamar colega, quando vc precisar de uma força
Nós todos precisamos de alguém pra nos apoiar
Eu posso estar com algum problema que você entenda
Nós todos precisamos de alguém pra nos apoiar
Beijos e um ótimo fim de semana =) ♥

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

I don't care #2









É, você pode me achar um zero à esquerda
Mas todo mundo que você quer ser
Provavelmente começou como eu
Você pode dizer que eu sou bizarra (eu não ligo)
Mas só me dê um tempinho
Aposto que você vai mudar de ideia

Todas as pedras que você está jogando no meu caminho
Não é tão difícil de aguentar, isso mesmo
Pois eu sei que um dia você vai gritar o meu nome
E eu vou ignorar, isso mesmo

Vá em frente, tenha inveja de mim e fofoque bastante
Para todos ouvirem
Me bata com seu soco mais forte e me derrube
Baby, eu não ligo
Continue assim e logo logo você vai entender
Que você quer ser
Você quer ser
Um fracassado como eu
Um fracassado como eu

Me empurra de novo contra o armário
Mas eu não vou nem me importar
Eu vou descontar em você quando eu for o seu chefe
Não estou pensando em vocês, seus invejosos
Porque eu poderia ser um super astro
Te vejo quando você for lavar o meu carro

Todas as pedras que você está jogando no meu caminho
Não é tão difícil de aguentar, isso mesmo
Pois eu sei que um dia você vai gritar o meu nome
E eu vou ignorar, isso mesmo

Apenas vá em frente, tenha inveja de mim e fofoque bastante
Para todos ouvirem
Me bata com seu soco mais forte e me derrube
Baby, eu não ligo
Continue assim e logo logo você vai entender
Que você quer ser
Você quer ser
Um fracassado como eu
Um fracassado como eu
Um fracassado como eu

Ei, você bem aí
Continue segurando o "L*" no alto
Ei, você bem aí
Continue segurando o "L*" no alto porque eu não me importo
Você pode jogar paus e pedras
Como foguete, me veja subir
É, f-r-a-c-a-s-s-a-d-o
Eu só posso ser quem eu sou

Vá em frente, tenha inveja de mim e fofoque bastante
Para todos ouvirem
Me bata com seu soco mais forte e me derrube
Baby, eu não ligo
Continue assim e logo logo você vai entender
Que você quer ser
Você quer ser
Um fracassado como eu
Um fracassado como eu

Vá em frente, tenha inveja de mim e fofoque bastante
Para todos ouvirem
Me bata com seu soco mais forte e me derrube
Baby, eu não ligo
Continue assim e logo logo você vai entender
Que você quer ser
Você quer ser
Um fracassado como eu


(loser like me -glee)




domingo, 2 de outubro de 2011

Um pouco de musica francesa !!!=)




L'amour (tradução)Carla Bruni

O amor..hum hum...não foi feito pra mim
Todos esses "para sempre"
Não são claros, são instáveis
Chegam sem se mostrar
Como um traidor disfarçado
Machuca-me ou cansa-me, dependendo do dia

O amor..hum hum...não tem nenhum valor
Não me inquieta
E disfarça-se de suave/meigo
E quando explode, quando me morde
Aí sim, é pior que tudo
porque eu quero, hum hum, cada vez mais

Por que esses tantos prazeres, arrepios, e todas essas carícias
e pobres promessas?
Do que adianta se deixar envolver?
O coração em chamas,
e não entender sobre isso...
É tudo uma emboscada.

O amor...hum...
Não é um "Saint Laurent"
Não me cai perfeitamente
Se eu não consigo encontrar o meu estilo não é por falta de tentativa,
E do amor..hum...eu desisto

O que é esse monte de diversão, emoções, carícias, os pobres
promessas?
Do que adianta se deixar envolver?
O coração em chamas,
e não entender sobre isso...
É tudo uma emboscada.

O amor...
Eu prefiro de tempos em tempos
Eu prefiro o gosto do vinho
O gosto estranho e suave da pele dos meus amantes
Mas o amor...hum hum...de jeito nenhum!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

I don't care...



Tente me dizer o que não devo fazer
Você deveria saber agora,
Eu não vou escutar você
Ando por aí Com as minhas mãos para o ar
Porque eu não ligo

Porque eu estou bem, estou legal
Apenas enlouqueça e deixe estar

Eu vou viver minha vida
Eu não posso sempre correr e me esconder
Eu vou fechar meus olhos
Eu não posso ver o tempo passar
Eu não vou guardar isso pra mim
Eu vou enlouquecer e deixar estar 
Apenas pirar e jogar tudo pro alto

Você não precisa sempre fazer tudo certo
Afirme-se
Ande por com suas mãos para o ar
Como se não ligasse
Porque eu estou bem, estou legal
Apenas enlouqueça e deixe estar


Apenas deixe-me viver minha vida
Eu não posso sempre correr e me esconder
Vou fechar meus olhos
Eu não posso ver o tempo passar
não vou guardar isso pra mim
Eu vou enlouquecer e deixar estar ....